Parece que foi ontem que a minha maior ansiedade era se eu
ia ganhar aquele presente desejado de natal, ou aniversário; Minha maior
indecisão era que brinquedo eu ia levar na escola no Dia do Brinquedo; Que meu
maior problema era não conseguir alcançar algumas coisas, ou ficar de “castigo”;
Minha maior dor era pisar numa peça de lego, ou cair na rua e talvez ralar o
joelho.
Parece que foi ontem que eu me apaixonei pela primeira vez,
ou achei que o havia feito. Que minha maior vergonha era passar na frente de alguém
que eu gostasse e meus amigos ficarem fazendo piadinhas. Ou que tristeza era
não poder ir à casa de alguém que eu queria muito.
Às vezes essas memórias voltam tão vivas, que parece que
tudo isso aconteceu ontem. Que eu dormi com 12 anos e acordei fazendo 18. E
fico pensando se quando eu dormir com 18 vou acordar fazendo 25, 40... E se as
memórias vão continuar assim, voltando.
Que coisa gostosa é lembrar, ou melhor: ter do que lembrar.
Lembranças são nossos maiores tesouros. De vez em quando, quando você lembra, a
sensação é diferente de quando você viveu aquilo. Como se na hora você não
estivesse percebendo a importância daquele momento, ou de como faria falta tudo
aquilo até mesmo no dia seguinte. Porque existem coisas, tão boas de serem
vividas que já dão saudades algumas horas depois, no outro dia, no outro mês...
E a cada ano faz mais falta.
Mesmo que saibamos, é difícil viver intensamente cada dia.
Mas quando o fazemos, a sensação é a melhor coisa do mundo. Anestesia de
qualquer dor, dor diferente de pisar num lego. Faz esquecer de qualquer
ansiedade, porque você não espera mais ganhar os brinquedos... E tudo bem não
alcançar alguma coisa, você já cresceu ou aprendeu a subir sozinho em algum
lugar para pegar. Porque viver intensamente não é mais sentir vergonha de
gostar de alguém, é contar pra esse alguém e sentir o coração acelerado
esperando a resposta.
E o mais legal de viver, é que viver intensamente pode ser
do jeito que você quiser. Seja lendo um livro, uma brincadeira com os amigos,
ou uma festa.
No fim das contas, crescer e lembrar, acaba sendo mais legal
que tudo.
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